Trem-bala brasileiro

agosto 9, 2010

Trem-bala japonês. Foto:Baka Onigri
Trem-bala japonês. Foto:Baka Onigri

Você já ouviu falar no trem-bala? É um transporte de alta velocidade, que alcança mais de 300 quilômetros por hora. De tão rápido, um trem pode chegar ao seu destino antes de um avião. O Brasil vai construir sua primeira linha de trens de alta velocidade, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro. O governo quer tudo pronto para as Olimpíadas de 2016.

O primeiro trem de alta velocidade foi construído na Itália, antes da 2ª Guerra Mundial. O percurso era de Milão a Nápoles, passando por algumas das cidades mais importantes do país. Alcançou velocidade de mais de 200 quilômetros por hora.  A guerra parou o desenvolvimento das linhas e destruiu muitos trens.

Entretanto, os trens de alta velocidade ganharam o apelido de trem-bala no Japão, por causa do formato do trem e de sua rapidez. A frente é alongada, lembrando uma bala (munição para armas de fogo). A primeira ferrovia para trens de alta velocidade deste país ficou pronta em 1964, em tempo para as Olimpíadas de Tókio. Por estar em uma área onde moram muitas pessoas, o trem se mostrou economicamente viável desde sua criação.

Maglev

O trem mais rápido existente fica na China e atinge uma velocidade de 350 quilômetros por hora. Para isso, utiliza tecnologia de levitação magnética, ou Maglev. Nesse sistema, os trens não rodam, levitam. Graças a potentes imãs chamados magnetos, o trem não toca no trilho. Japão e Alemanha são os maiores pesquisadores desta tecnologia.

Diferentemente de trens comuns, não há locomotiva nos trens Maglev. Os próprios magnetos no trilho são responsáveis pela locomoção. Assim, quase não há desgaste ou atrito e a manutenção fica muito mais barata do que em outros sistemas, apesar da construção ser mais cara. Os trens de alta velocidade japoneses não utilizam esta tecnologia e rodam sobre rodas eletrificadas. Entretanto, o Japão já anunciou a construção de 300 quilômetros de trilhos Maglev.

Outra grande vantagem dos trens de alta velocidade é que eles só utilizam eletricidade para se mover, enquanto as tradicionais locomotivas queimam carvão e fazem uma poluição danada. A eletricidade necessária para fazer os magnetos funcionarem pode vir de fontes não poluentes, como as usinas atômicas, por exemplo. As mesmas razões levaram à construção de linhas similares na Europa e China. Mas o trem-bala japonês continua sendo o mais utilizado de todos, devido à enorme população nipônica.

Trem olímpico

O governo brasileiro acaba de lançar um concurso para construir uma linha de trem-bala ligando São Paulo ao Rio de Janeiro. Empresas do mundo inteiro estão interessadas em construir essa linha. Quem oferecer o melhor preço vai ganhar o direito de construir e operar o trem-bala brasileiro. O objetivo do governo é construir os 510 quilômetros de trilhos de Maglev necessários em cinco anos. Assim, os trens já poderiam ser utilizados durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
Quando ficar pronto, a viagem entre as duas capitais levará apenas 93 minutos (1 hora e meia). Ou seja, dezessete minutos a mais do que se formos de avião. De carro leva-se cinco horas e, de ônibus, pouco mais de seis horas. Além disso, viajar de trem vai sair bem mais barato do que ir de avião. O trem sairá do Rio e, depois de passar por São Paulo, continuará até Campinas. Outras paradas também estão programadas.

 Trajeto Rio-Campinas Mapa: Limongi e Danilo Mac 
Trajeto Rio-Campinas Mapa: Limongi e Danilo Mac

Tecnologia brasileira

O Brasil está desenvolvendo uma tecnologia própria de levitação magnética. O Maglev Cobra está sendo desenvolvido pela COPPE – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia – na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Apesar de ainda não alcançar as altas velocidades das outras tecnologias (atualmente a velocidade do Cobra é de 70 quilômetros por hora) e, portanto, não servir para ligar uma cidade à outra, é uma boa solução para o transporte urbano.

Assim como os outros sistemas de Maglev, é uma tecnologia limpa e ecológica. Além disso, sua construção e operação são muito mais baratas em comparação ao metrô. Uma linha para testes está sendo construída no campus da UFRJ.

Três formas de levitar:

Suspensão eletrodinâmica (SED): Tecnologia desenvolvida pelo Japão. Utiliza eletromagnetos (imãs) no trem e nos trilhos. Alcança as maiores velocidades dentre os três sistemas. Entretanto, precisa de rodas enquanto o trem acelera e ainda está com velocidade baixa. É necessário resfriar as bobinas responsáveis pelo campo magnético nos trilhos.

Suspensão eletromagnética (SEM): A Alemanha desenvolve esta tecnologia. Os eletromagnetos ficam apenas no trem e repelem os trilhos, feitos de aço. Este sistema alcança velocidades quase tão altas quanto o SED. Sua grande vantagem é não precisar de rodas em baixas velocidades.

Levitação magnética supercondutora (SML): Ainda não tem versão comercial. Os eletromagnetos no trilho devem ser resfriados com nitrogênio líquido. O Brasil desenvolve esta tecnologia através do projeto Maglev Cobra, na UFRJ. Assim como o sistema alemão, dispensa o uso de rodas. Acredita-se que possa chegar às altas velocidades dos outros dos sistemas, mas atualmente isto é economicamente inviável. Sua aplicação principal é o transporte urbano.



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